Duvidas sobre a pílula do dia seguinte ?

As indicações da anticoncepção de emergência são reservadas a situações especiais e excepcionais, com objetivo de prevenir gravidez indesejada após relação que, por alguma razão, foi desprotegida. Apesar da disponibilidade de métodos anticonceptivos, a incidência da gravidez indesejada ainda é muito elevada em todo o mundo, particularmente em países em desenvolvimento, sendo próxima de 50%. Alguns motivos para esse número elevado são o uso inadequado de métodos anticoncepcionais e a falta de acesso ao sistema de saúde. A Organização Mundial da Saúde estima que, mesmo que todas as mulheres utilizassem métodos anticonceptivos de forma correta e regular, ainda ocorreriam cerca de 6 milhões de gestações inesperadas por falha desses métodos. Devemos lembrar também, que as mulheres nem sempre têm relações sexuais voluntárias ou desejadas. A elevada prevalência da violência sexual, a coerção sexual nas relações conjugais e a gravidez forçada são circunstâncias que impedem a livre decisão das mulheres. Estima-se que ocorram, apenas nos EUA, 32 mil gestações por ano decorrente da violência sexual. Seja qual for o motivo, milhões de gestações ocorrem de forma indesejada e não planejada. Cerca de 25% dessas gestações terminará em abortamento, muitas vezes inseguro, levando quase 67 mil mulheres anualmente à morte. Outra parte dessas gestações será levada até o termo, com possibilidade de não aceitação da criança, levando a importantes repercussões individuais, familiares e sociais. A pílula do dia seguinte apresenta grande potencial de prevenir a maior parte dessas gestações, evitando imenso sofrimento humano e reduzindo a necessidade de recorrer ao abortamento inseguro. A forma mais adequada, segundo a Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde, é o uso de progestágeno isolado, o levonorgestrel, em dose única de 1,5mg ou dividida em 2 comprimidos iguais de 0,75mg, a cada 12 horas. O primeiro comprimido deve ser administrado até 5 dias após a relação sexual, sendo mais efetivo nos primeiros 3 dias. Pode-se mensurar a efetividade da anticoncepção de emergência através do índice de Efetividade, que calcula o número de gestações prevenidas por cada relação sexual. Tal método apresenta, em média, Índice de Efetividade de 75%. Significa dizer que ela pode evitar três de cada quatro gestações que ocorreriam após uma relação sexual desprotegida. No entanto, sua eficácia pode variar de forma importante em função do tempo entre a relação sexual e sua administração. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o método apresenta taxas de falha crescente quanto mais distante é administrado da relação sexual. Além disso, é necessário lembrar que o uso repetitivo ou freqüente compromete sua eficácia, que será sempre menor do que aquela obtida com o uso regular do método anticonceptivo de rotina. A pílula só tem ação para a relação sexual precedente. Caso novo coito desprotegido ocorra a mulher não estará prevenida e novamente deve usar a pílula. A repetição da pílula diminui em quase metade a eficácia do método. Portanto, deve ser usado como método de exceção e não de rotina. Os efeitos colaterais mais freqüentes para as mulheres que usam a pílula do dia seguinte são náuseas, em 40 a 50% dos casos, e vômito, em 15 a 20%. Esses efeitos podem ser minimizados com o uso de anti-eméticos cerca de uma hora antes de sua tomada. Cefaléia, dor mamária e vertigens também podem ocorrer, mas cessam nas primeiras 24 após o uso. De modo geral, a pílula é bem tolerada. Uma queixa frequente após o uso da pílula e mudança no ciclo menstrual após seu uso o que frequentemente gera ansiedade e medo de gravidez. A única contra-indicação absoluta para pílula do dia seguinte é a gravidez confirmada. Excetuando-se esta condição, todas as mulheres podem usar o método com segurança, mesmo aquelas que, habitualmente, tenham contra-indicações ao uso de anticoncepcionais hormonais combinados. Bibliografia: ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA PERGUNTAS E RESPOSTAS PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE – Série F. Comunicação e Educação em Saúde Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos – Caderno nº 3 / Ministério da Saúde 2005.

Exercícios para disfunção sexual Feminina

A disfunção sexual feminina é um fenômeno frequente, entretanto muitas vezes subvalorizado pelos ginecologistas e outros profissionais de saúde (Parish SJ, 2016). Resultados da Pesquisa Nacional de Saúde e Vida Social nos Estados Unidos mostram que quase 50% das mulheres têm algum tipo de disfunção sexual. No Brasil, esse número é parecido, sendo o desejo sexual hipoativo (diminuição do desejo), a dor durante a relação sexual e dificuldade de obter o orgasmo os problemas mais encontrados. (Abdo CH, 2004). As causas de disfunção sexual nas mulheres são multifatoriais, podendo envolver aspectos físicos (ex. dor pélvica crônica e endometriose), aspectos psicológicos (ex. depressão e ansiedade), aspectos sociais (ex. excesso de trabalho, problemas com o emprego), entretanto, na maior parte das vezes a causa é desconhecida e sem fatores predisponentes (Virgínia Pianessole e Pieassarolli, 2010). Um estudo mostrou (ArtilesPérezV,2006)que a disfunção sexual foi mais frequente em mulheres com idade acima de 44 anos, com déficit de estrogênio pela menopausa, após cirurgias vaginais e com baixa percepção da qualidade de vida (desemprego, fadiga, falta de atividade física e abuso de álcool). Uma avaliação pelo ginecologista é fundamental para tratar as causas orgânicas da disfunção e direcionar o tratamento. O treinamento da musculatura do assoalho pélvico, através de exercícios que podem ser realizados no próprio domicílio, auxilia e, até mesmo, resolve muitos desses problemas de disfunção sexual feminina. Tais exercícios também ajudam no tratamento de incontinência urinária de esforço, prolapso genital e nas gestantes que planejam o parto vaginal (Virgínia Pianessole e Pieassarolli, 2010) (Eftekhar T1, 2014). O desuso e o enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico contribuem para dificuldade orgástica, enquanto o treinamento destes promove a melhora do reflexo sensório-motor, auxiliando na excitação e no orgasmo, além de melhorar o fluxo sanguíneo pélvico, a mobilidade pélvica, a sensibilidade clitoriana e a lubrificação vaginal. (TY, 2007 ) (Ma Y, 2009). Os exercícios de fortalecimento são conhecidos com exercícios de Kegel. Profissionais de fisioterapia podem direcionar os exercícios mais apropriados para cada tipo de disfunção e o uso de aparelhos mais sofisticados. Mas, o treinamento diário e domiciliar é fundamental para os melhores resultados. Para começar, encontre os músculos do assoalho pélvico, para isso, pare de urinar no meio do fluxo, caso consiga interromper o jato, você contraiu os musculos corretos. Agora, contraia tais músculos e segure a contração por cinco segundos e, em seguida, relaxe por cinco segundos. Tente quatro ou cinco vezes seguidas. Trabalhe até manter os músculos contraídos por 10 segundos de cada vez, relaxando por 10 segundos entre as contrações. Para obter melhores resultados, concentre-se em apertar apenas os músculos do assoalho pélvico, tenha cuidado para não flexionar os músculos do abdômen, coxas ou glúteos. Evite prender a respiração. Em vez disso, respire livremente durante os exercícios. Repita três vezes ao dia. Procure pelo menos três séries de 10 repetições por dia. Bibliografia Abdo CH, O. W. (2004). Prevalence of sexual dysfunctions and correlated conditions in a sample of Brazilian women – results of the Brazilian Study On Sexual Behavior . Int J Impot Res. Artiles Pérez V, G. S. (2006). Female sexual function and related factor. Aten Primari. Eftekhar T1, S. M. (2014). Comparison effect of physiotherapy with surgery on sexual function in patients with pelvic floor disorder: A randomized clinical trial. Iran J Reprod Med. .

Entenda os Métodos Contraceptivos Definitivos

Os métodos contraceptivos definitivos, ou cirúrgicos, são procedimentos que resultam na esterilização, seja do homem ou da mulher (1). Na mulher, existem dois métodos possíveis: a ligadura das trompas ou o uso de um dispositivo em seu interior, chamado ESSURE®(2). A ligadura das trompas é um o procedimento tradicional, já consagrado, com risco de falha menor que 0,9% (3,4). Pode ser realizado por cirurgia aberta convencional, por via vaginal ou por laparoscopia(2,5). Atualmente, a laqueadura das trompas por laparoscopia é feita por apenas uma incisão pequena na cicatriz umbilical, medindo 1,5 – 2 cm (figura 1), o que garante um resultado estético superior (figura 2) (6). O procedimento por laparoscopia apresenta vantagens da cirurgia minimamente invasiva, sendo mais rápido, com menor dor no pós operatório, menor risco de infecção da ferida operatória e menor perda sanguínea, quando comparado com a cirurgia convencional (7). A cirurgia convencional (laparotomia), somente se justifica se houver outra indicação de se realizá-la, aproveitando-se a ocasião para fazer a ligadura das trompas (2,7). O ESSURE®é uma técnica completamente diferente, sendo realizado por histeroscopia, ou seja, sem corte no abdome. Trata-se de um dispositivo em espiral fino e com 4 cm de comprimento (figura 3) que será introduzido pelo óstio tubário, com o auxílio do histeroscópio (2), um procedimento com menos de 30 minutos de duração(4). Estudos mostram 85 a 98% de oclusão tubária bilateral após três meses da inserção do Essure®(2,4). Portanto, o casal deverá manter outro método anticoncepcional até a confirmação da oclusão das trompas (4). As razões pelo insucesso, em até 15% dos procedimentos, seriam: dificuldade em individualizar o óstio tubário, expulsão do dispositivo, perfuração tubária e posicionamento incorreto (2) Referências Bibliográficas: 1. Moss C, Isley MM. Sterilization: A Review and Update. Obstet Gynecol Clin North Am. 2015 Dec;42(4):713–24. 2. Consenso sobe contracepção – FEBRASGO 2011. http://www.febrasgo.org.br/site/wp-content/uploads/2013/05/Femina-v37n9_Editorial.pdf 3. Chene G, Lamblin G. [Controversies in tubal sterilization]. Gynecol Obstet Fertil. 2016 Oct;44(10):539–40. 4. AAGL Advancing Minimally Invasive Gynecology Worldwide. AAGL Advisory Statement: Essure Hysteroscopic Sterilization. J Minim Invasive Gynecol. 2016 Aug;23(5):658–9. 5. Lawrie TA, Kulier R, Nardin JM. Techniques for the interruption of tubal patency for female sterilisation. Cochrane Database Syst Rev. 2015 Sep 7;(9):CD003034. 6. Sewta RS. Laparoscopic female sterilisation by a single port through monitor–a better alternative. J Indian Med Assoc. 2011 Apr;109(4):262–3, 266. 7. Kulier R, Boulvain M, Walker D, Candolle G, Campana A. Minilaparotomy and endoscopic techniques for tubal sterilisation. Cochrane Database Syst Rev. 2004;(3):CD001328.