Polêmica do mês: Os anticoncepcionais hormonais podem mesmo aumentar o risco do câncer de mama?

Esse mês, o NEJM (New England Journal of Medice) publicou um artigo, apresentando um estudo que mostra o aumento do risco de câncer de mama em usuárias de Anticoncepcional hormonal. Entendendo melhor o estudo em questão: é um estudo dinamarquês, prospectivo, isto é, acompanha as pacientes ao longo do tempo, que selecionou mulheres de 15-49 anos, de 1995 até 2012, comparando pacientes que utilizavam Anticoncepcional hormonal (incluindo anticoncepcionais orais combinados de diversas fórmulas, anel vaginal, DIU Mirena e adesivo) com pacientes não usuárias. Após essa pesquisa realizada, concluíram que ocorreu um aumento de 20% de câncer de mama nas usuárias de hormônio (ou uso recente) quando comparado as que nunca haviam utilizado o anticoncepcional. Além disso, observou-se que o risco aumenta proporcionalmente ao tempo de uso. Interpretando esse estudo: O risco relativo de câncer de mama em pacientes usuárias de anticoncepcional hormonal já é bem estabelecido, ficando em torno de 1,20. Isso representa um risco absoluto BAIXO de um caso novo de câncer em 7690 mulheres por ano. Analisando detalhadamente o estudo, percebe-se que a maior parte dos casos apresentados foi em pacientes acima de 40 anos e que estavam em uso de anticoncepcional hormonal. O risco absoluto da população geral foi de 13/100000 mulheres, sendo apenas 2/100000 abaixo de 35 anos (população que mais utiliza o método e que tem menor incidência do tumor). Vale ressaltar que o câncer de mama é multifatorial: idade, história reprodutiva, tabagismo, ingestão de bebida alcoólica, além de fatores genéticos estão relacionados o risco de aparecimento do câncer. A avaliação entre Benefício e Risco do uso, principalmente em pacientes na perimenopausa, deve ser analisada com seu ginecologista. A regularização menstrual, prevenção da gestação, melhora das cólicas menstruais, redução substancial do risco de câncer de ovário e endométrio são exemplos de benefícios que devem ser considerados. Logo, antes de considerar o anticoncepcional hormonal um vilão e suspender o seu método, converse com um especialista para entender melhor.
Isso e realmente Possível ?

Semana passada esta imagem foi publicada nas redes sociais e deu o que falar! O recém nascido segurava o dispositivo intrauterino (DIU) com a hashtag #mirenafail. De fato isto pode acontecer? Quais são as chances? No brasil são dois tipos mais encontrados de DIU: DIU medicado com homônio (Mirena ®) e DIU de cobre. Levando em conta o uso correto o índice de falhas é de 0,2 (em cada 100 mulheres ano) para o Mirena ® (diu que o bebê segura na foto) e 0,8 (em cada 100 mulheres ano) para o DIU de cobre. O risco realmente é muito baixo quando utilizado da forma correta, porém não é inexistente (como qualquer outro método anticoncepcional!). Exames anuais para a verificação do posicionamento correto do DIU são necessarias, a troca do DIU quando passada a validade também é necessária. Converse com seu ginecologista! #iICGO #DIU #mirena #ginecologia #anticoncepção #DIUdecobre #LARCs
Entenda o que é coito programado

Nos tratamentos de coito programado , a fertilização ocorre no próprio organismo e não necessita de uma estrutura de laboratório complexa nem ambiente cirúrgico para sua realização. Além disso, utilizam protocolos simples e de baixo risco para estimulação ovariana, sendo mais fáceis de serem realizados. É importantíssimo que todos os exames incluindo espermograma e histerosalpingografia estejam ok , dessa forma antes de realizar o tratamento o casal deve passar por uma investigação minuciosa para saber se é possivel realizado o coito programado. O tratamento basicamente tem início no segundo ou terceiro dia do ciclo, quando a mulher ainda está menstruada. Neste momento, é realizado o primeiro ultrassom transvaginal. A paciente não deve ficar preocupada com o desconforto do sangue menstrual, pois os médicos estão acostumados a realizá-lo nessa fase. Esta fase inicial é importante, pois o exame diagnostica se o ovário tem algum cisto remanescente do ciclo menstrual anterior e se no interior do útero existem pólipos, miomas ou tecido endometrial em excesso, o que poderia alterar as taxas de sucesso. Neste primeiro ultrassom, os ovários devem ter pequenos cistos que medem no máximo 6 mm, chamados de folículos primordiais. Dentro deles existem óvulos, que saem na época da ovulação. Dependendo do resultado deste primeiro exame, o controle ovulatório pode ser iniciado para se determinar o dia provável da ovulação. No decorrer do tratamento, o(s) folículo(s) e o endométrio devem crescer progressivamente, o que será verificado por meio de mais alguns exames de ultrassom, mais precisamente a cada dois ou três dias. Quando o(s) folículo(s) alcança(m) o tamanho adequado, é aplicada uma medicação chamada hCG, que promove a maturação final do óvulo e a sua saída do ovário. Nesse momento o casal deve ter relações sexuais para haver o encontro do ovulo com o espermatozoide e ocorrer a fecundação. Esse tipo de tratamento também pode ser chamado de namoro programado ou relação sexual programada. As Chances de gravidez para o namoro programado, estão entre 10% a 20% dependendo do casal, sendo o fator idade da mulher, um prognostico importante.
Entenda os Métodos Contraceptivos Definitivos

Os métodos contraceptivos definitivos, ou cirúrgicos, são procedimentos que resultam na esterilização, seja do homem ou da mulher (1). Na mulher, existem dois métodos possíveis: a ligadura das trompas ou o uso de um dispositivo em seu interior, chamado ESSURE®(2). A ligadura das trompas é um o procedimento tradicional, já consagrado, com risco de falha menor que 0,9% (3,4). Pode ser realizado por cirurgia aberta convencional, por via vaginal ou por laparoscopia(2,5). Atualmente, a laqueadura das trompas por laparoscopia é feita por apenas uma incisão pequena na cicatriz umbilical, medindo 1,5 – 2 cm (figura 1), o que garante um resultado estético superior (figura 2) (6). O procedimento por laparoscopia apresenta vantagens da cirurgia minimamente invasiva, sendo mais rápido, com menor dor no pós operatório, menor risco de infecção da ferida operatória e menor perda sanguínea, quando comparado com a cirurgia convencional (7). A cirurgia convencional (laparotomia), somente se justifica se houver outra indicação de se realizá-la, aproveitando-se a ocasião para fazer a ligadura das trompas (2,7). O ESSURE®é uma técnica completamente diferente, sendo realizado por histeroscopia, ou seja, sem corte no abdome. Trata-se de um dispositivo em espiral fino e com 4 cm de comprimento (figura 3) que será introduzido pelo óstio tubário, com o auxílio do histeroscópio (2), um procedimento com menos de 30 minutos de duração(4). Estudos mostram 85 a 98% de oclusão tubária bilateral após três meses da inserção do Essure®(2,4). Portanto, o casal deverá manter outro método anticoncepcional até a confirmação da oclusão das trompas (4). As razões pelo insucesso, em até 15% dos procedimentos, seriam: dificuldade em individualizar o óstio tubário, expulsão do dispositivo, perfuração tubária e posicionamento incorreto (2) Referências Bibliográficas: 1. Moss C, Isley MM. Sterilization: A Review and Update. Obstet Gynecol Clin North Am. 2015 Dec;42(4):713–24. 2. Consenso sobe contracepção – FEBRASGO 2011. http://www.febrasgo.org.br/site/wp-content/uploads/2013/05/Femina-v37n9_Editorial.pdf 3. Chene G, Lamblin G. [Controversies in tubal sterilization]. Gynecol Obstet Fertil. 2016 Oct;44(10):539–40. 4. AAGL Advancing Minimally Invasive Gynecology Worldwide. AAGL Advisory Statement: Essure Hysteroscopic Sterilization. J Minim Invasive Gynecol. 2016 Aug;23(5):658–9. 5. Lawrie TA, Kulier R, Nardin JM. Techniques for the interruption of tubal patency for female sterilisation. Cochrane Database Syst Rev. 2015 Sep 7;(9):CD003034. 6. Sewta RS. Laparoscopic female sterilisation by a single port through monitor–a better alternative. J Indian Med Assoc. 2011 Apr;109(4):262–3, 266. 7. Kulier R, Boulvain M, Walker D, Candolle G, Campana A. Minilaparotomy and endoscopic techniques for tubal sterilisation. Cochrane Database Syst Rev. 2004;(3):CD001328.