Aplicativos que monitoram a fertilidade. Usabilidade, acertividade e confiabilidade

A monitorização da fertilidade é um método usado há décadas e, atualmente, sua procura vem crescendo frente ao desejo das pacientes serem “hormônios free” (livre de hormônios). A temperatura corporal basal, modificações do muco cervical, dosagem hormonal urinária/ sanguínea e análise salivar estão entre os métodos contraceptivos baseados na detecção da ovulação. Nosso foco de hoje é entender como funcionam os aplicativos de celular para controle da menstruação e ovulação. Existem diversos aplicativos que se propõe a avaliar a Janela de Fertilidade das usuárias, ou seja, o período do ciclo menstrual em que está sujeita a engravidar, avaliando esse período baseado na temperatura basal corporal da paciente. – A Janela de Fertilidade é a mesma coisa que ovulação? Não, a ovulação é um processo pontual do ciclo menstrual. A “janela de fertilidade” é o período total de dias que a mulher esta sujeita a engravidar, levando em consideração a vida útil do espermatozóide e do óvulo Embora um óvulo sobreviva somente por 24 horas, o espermatozóide pode permanecer ativo por até 5 dias, ou seja, um casal pode engravidar tendo relações sexuais 4 a 5 dias antes da liberação do óvulo. – Por que quero saber a minha janela de fertilidade? Conhecer a janela de fertilidade tem importância tanto para pacientes que desejam gestar, quanto para aquelas que querem usar um método contraceptivo não hormonal convencional. Ela trás mais flexibilidade para o casal planejar as relações sexuais. Sabendo aproximadamente o período ovulatório, podem tomar a decisão de ter relações mais frequentes aumentando a chance de engravidar ou usar um método de barreira/ evitar relação sexual nesse período. – Como o aplicativo consegue definir o período em que estou ovulando? A partir de um algoritmo matemático que calcula a janela de fertilidade. O cálculo é feito avaliando o dia da menstruação e as flutuações da temperatura ao despertar da usuária (realizada por um termômetro digital, a temperatura pode ser bucal, vaginal ou axilar). O algoritmo faz o cálculo baseando-se pelos ciclos anteriores da paciente, independente de serem irregulares. Para dar mais confiabilidade no aplicativo, existe a opção de acrescentar a dosagem hormonal. Após esse cálculo, o aplicativo divide os dias em Verdes (dias seguros) e Vermelhos (não seguros), dependendo do risco que ela tem para engravidar naquele momento. – Por que a temperatura corporal basal serve como parâmetro para medir a janela de fertilidade? Desde 1906, há estudos sobre esse tema e percebeu-se que, se não houver influências externas, um dia antes da ovulação, a mulher fica com a temperatura mais baixa do ciclo. Ao passar dos dias, ela vai aumentando e estabiliza até retornar ao normal. É um processo cíclico. Frente a essas flutuações, existem cálculos que determinam o período ovulatório e de risco para engravidar. – O aplicativo é confiável? Precisamos de estudos mais longos e comparativos com outros métodos para dar mais credibilidade para esse método. Na atualidade, apenas temos estudos que avaliaram usuárias do aplicativo durante um período curto, por poucos ciclos (média de apenas 6,3 ciclos, o ideal seriam 12) sem comparação com outros métodos. Além disso, grande parte das pacientes não informavam se usavam um método contraceptivo adicional ou evitavam relação sexual no período de risco, dificultando a análise de probabilidade de gestação caso feito corretamente. Como o estudo não se adequava a todos os quesitos, não podemos fazer uma comparação direta entre a eficácia do aplicativo comparado ao anticoncepcional hormonal oral, por exemplo. Apesar dessas adversidades, podemos considerar que a efetividade dos métodos contraceptivos baseados na detecção da ovulação depende de dois fatores: 1- O cálculo ser feito corretamente 2- O nível de informação dada pela paciente e seu comprometimento com o método Sabidamente o algoritmo proposto pelo aplicativo tem menos chance de falha quando comparado com o cálculo feito pela própria paciente, o problema é que há uma necessidade de extrema dedicação da usuária para esse cálculo ser feito da forma ideal. – Qual o maior problema da medida da temperatura corporal basal? Existem inúmeros fatores externos que contribuem para sua alteração, como infecção (exemplo, uma gripe), bebida alcoólica, estress, noites mal dormidas, mudança da temperatura do quarto, uso de alguma medicação. O aplicativo só prevê alguns desses fatores se a usuária descreve a alteração ocorrida. – Então, a paciente continua protegida mesmo com os fatores externos? Caso tudo seja especificado, a segurança do método tende a se manter, o grande problema é que o algoritmo corrige o ciclo baseado no risco, dessa forma, aumentando os dias vermelhos e diminuindo os dias verdes – seguros. Logo, ao longo do mês, a paciente terá poucos dias seguros, necessitando de um método contraceptivo adicional ou mantendo a abstinência por um tempo maior. Esse é o maior motivo da desistência das usuárias desse método. Diante disso, se seu interesse for engravidar, o aplicativo ajuda a identificar o período fértil, caso seja contracepção, ajuda a evitar esse período. Lembre-se de que a dedicação e comprometimento com o que é proposto são fundamentais. Ainda não há estudos comparando esse aplicativo com os outros contraceptivos, mas existem outros métodos não hormonais que já são consagrados e eficazes, procure seu ginecologista para maiores informações. Bibliografia Elina Berglund Scherwitzl, Kristina Gemzell Danielsson, Jonas A. Sellberg & Raoul Scherwitzl (2016) Fertility awareness-based mobile application for contraception, The European Journal of Contraception & Reproductive Health Care, 21:3, 234-241, DOI: 10.3109/13625187.2016.1154143 #infertilidade #contracepção #ovulação #anovulação #ICGO #Endometriose #fertilidade #aplicativo

Ovários Policísticos: O que são? Quais as chances de engravidar?

Muitos estudos têm sido feitos sobre algumas síndromes, que são um conjunto de sinais e sintomas observáveis em vários processos patológicos diferentes e sem causa específica.A síndrome dos ovários policísticos, que trataremos aqui, é uma desordem endócrina comum (relacionada com produção hormonal) que acomete 5-10% das pacientes na idade reprodutiva. Encontramos diversas formas de apresentação, sinais e sintomas variados e controvérsias na sua classificação.Como se trata de uma síndrome, o diagnóstico esta baseado em critérios clínicos (queixas da paciente, sinais apresentados no exame físico), laboratoriais (exame de sangue especifico) e ultrassonografia pélvica com avaliação ovariana, sendo assim, somente um desses não fecha o diagnóstico da doença, ou seja, cistos ovarianos ou microcistos ovarianos isolados não caracterizam a Síndrome dos Ovários Policísticos. Por se tratar de uma doença de múltiplas causas, como genética, metabólica e endócrina, o estilo de vida é um fator importante para o seu aparecimento. Na adolescência, a irregularidade menstrual, acne e ganho de peso costumam estar presentes e, na idade adulta, a infertilidade e o crescimento excessivo de pêlos são os principais sintomas que fazem a paciente procurar o ginecologista.O tratamento na adolescente é baseado em regularizar a menstruação e melhorar a acne, e os pêlos excessivos – quando necessário – com ajuda de uma dermatologista.Na fase adulta, apesar do pavor da infertilidade, a maior parte das pacientes costuma engravidar de forma espontânea apenas com mudanças no estilo de vida, ou seja, dieta e exercício físico são fundamentais. Também pode ser necessário, para melhorar os desfechos reprodutivos e evitar problemas cardiovasculares, o controle metabólico em pacientes com diagnóstico de resistência a insulina, conhecida como “pré diabetes”. Com a evolução das técnicas reprodutivas, existem diversas formas de tratamento, caso os de primeira linha sejam ineficazes, e as pacientes estarão mais próximas do tão almejado sonho de ser mãe.Então, antes de ter um diagnóstico pelo “Dr Google” e decretar a impossibilidade de reprodução, procure o seu ginecologista para se informar do melhor. #infertilidade #anovulação #engravidar #Ováriopolicísticos

Os Benefícios da CoQ10 nos tratamentos para engravidar

A fertilidade é uma das primeiras funções fisiológicas que apresentam alterações com a idade. As taxas de gravides nas pacientes que são submetidas a tratamentos de fertilização com óvulos doados de mulheres mais novas, demostraram que a qualidade ovular é o principal fator da infertilidade relacionado a idade. O envelhecimento é conhecido por desencadear uma serie de alterações moleculares que interferem na divisão, descondensação e no fuso das cromatinas no DNA, as tornando desalinhadas. Os mecanismos moleculares que levam ao envelhecimento dos óvulos são pouco conhecidos, uma possível causa é a deficiência na capacidade de reparação do DNA. O processo de maturação dos óvulos na ovulação é um processo complexo, envolvendo mecanismos nucleares, citoplasmáticos e epigenéticos culminando na formação de fusos mitóticos. Todo esse processo necessita de uso de energia, que é provido pelas mitocôndrias por fosforilação oxidativa. O estado bioenergético do óvulo tem influência em seu amadurecimento, podendo comprometer os embriões. A produção de ATP (energia celular), envolve a transferências de elétrons na membrana mitocondrial. Cinco vias metabólicas estão envolvidas, as vias I e II oxidam produtos do ácido tricarboxilico(TCA) é transferem os elétrons para ubiquinona, também conhecido como coenzima Q (CoQ). Os elétrons são transferidos para as vias III e IV, gerando um gradiente de prótons que culminam na geração de ATP na via V. CoQ nas células apresentam propriedades antioxidantes, controlam a redução celular, influencia em varias vias celulares e atua nas atividades celulares. Estudos demostraram que com a idade houve redução nos níveis celulares de CoQ e pesquisas em animais demostraram que o uso de CoQ10 aumentou o número de ovócitos aspirados, aumentou a quantidade de ATP produzidos por esses ovócitos em ratos. Contudo o uso da CoQ10 em humanos não demostrou aumento nas taxas de gravides nem nascidos vivos em vários estudos, porém foi visto em alguns trabalhos o uso de menor quantidade de medicação para o estimulo ovariano e maior numero absoluto de óvulos em pacientes usando a CoQ10. Dessa forma o uso dessa coenzima pode ser uma ajuda nos casos de pacientes com diminuição da quantidade e qualidade de óvulos , contudo mais estudos em humanos devem ser realizados para uma melhor definição de seu uso clinico nos tratamentos para engravidar.

Falhas de implantação nos tratamentos para engravidar , entenda como o ERA pode te ajudar !

A implantação dos embriões humanos e um processo complexo e multifatorial, o sucesso na implantação depende de um embrião saudável e endométrio receptivo. O endométrio humano é um tecido dinâmico, sofre alterações conforme a produção de hormônios ovarianos e substancias locais que modulam a expressão de genes dos diferentes tipos de células endometriais. A fase proliferativa, controlada pelo estrogênio permite a produção de células estromais, glândulas e as artérias espiraladas endometriais. Após a ovulação a progesterona controla a fase secretória de células no endométrio tornando esse ambiente propicio para a implantação dos blastocistos (embriões de 5° dia). Esse período e conhecido como “janela de implantação” e normalmente dura entre 4-5 dias. Uma forma de se saber essa janela de implantação poderia em muito ajudar nos resultados de fertilizações in vitro. Nos dias atuais o principal marcador da receptividade endometrial é a sua morfologia na ultrassonografia transvaginal, um endométrio com espessura entre 8-12mm é considerado bom para receber os embriões. Em pesquisas recentes, autores tem tentado identificar critérios histológicos relacionados a receptividade endometrial, a descoberta de pinopodos, que são projeções celulares, foram relacionados a janela de implantação, entretanto não existe uma forma de usar esses critérios na pratica clinica diária. Da mesma forma, marcadores bioquímicos como: integrinas, fatores de inibição de leucócitos, homeobox A10, mucin 1, calcitonina e ciclo-oxygenase 2, parecem ter relação com a janela de implantação, contudo sem uso na pratica clínica. Vários marcadores moleculares vêm sendo pesquisados, os “Omics”, que são: genômics (estudo dos genes), epigenomics (estudo das alterações epigenéticas do DNA), Transcriptomics (estudo da expressão genética), proteomics (estudo e quantificação das proteínas), metabolomics (estudo e quantificação dos metabólitos) e os Lipidonomics (estudo e quantificação dos metabolitos lipídicos). Os transcriptomics, são na atualidade os únicos com tecnologia para aplicação clínica. A tecnologia de microarray de DNA, permite a análise de vários genes simultaneamente, o seu uso no estudo da trascripção gênica, torna possível a identificação de genes ativos em um determinado período de tempo em uma determinada população de células ou tecidos. Com isso cria-se uma “assinatura trascriptomica”, permitindo o conhecimento da função desse tecido e as suas alterações fenotípicas. Muitos estudos foram realizados avaliando as alterações de trascripção no endométrio, vários pacientes com falhas de implantação, endometriose, ciclos naturais, ciclos induzidos para fertilização in vitro. Os resultados encontrados foram usados para criar uma assinatura endometrial relacionado a sua função e a implantação. Dessa forma um teste molecular foi desenvolvido, o “endometrial receptivity array”(ERAâ). O ERA consiste em uma análise em microarray do DNA do endométrio humano, customizado para o momento de maior aderência do blastocisto. O teste é baseado em comparar uma amostra do paciente, com um controle de ciclo natural de pico de LH + 7 dias ou em ciclos com indução de ovulação com uso de 5 dias de progesterona após o pico de estrogênio (P+5). O teste possui análise de 238 genes envolvidos nesses períodos, que colocados em um software podem criar uma assinatura endometrial para a janela de implantação personalizado para amostra em questão. A amostra é colhida com uso de um kit específico, a biópsia do endométrio é feita após um ciclo de preparo endometrial com estrogênio até o endométrio apresentar o tamanho > que 7 cm, quando se inicia o uso de progesterona por 5 dias. O resultado do ERA pode vir como: endométrio receptivo ou endométrio não receptivo. Nos resultados não receptivos vem se ele e pré receptivo ou pós receptivos. E nos pré receptivos vem uma sugestão de fazer progesterona e o número de dias (p+6, P+7, P+8). Um novo ciclo e realizado e o blastocisto e transferido baseado no resultado encontrado no exame anterior com os dias para a janela de implantação. Dessa forma o ERAâ , pode ser considerado uma importante arma nos casos de falha de tratamentos para engravidar , trabalhos demostraram que 25% dos pacientes submetidos a fertilização in vitro podem ter embriões transferidos fora da janela de implantação, contudo mais estudos devem ser realizados para uma melhor definição dos pacientes que podem realmente se beneficiar com essa nova tecnologia.

A fertilização in Vitro é garantia de gravidez?

Muitos pacientes acreditam que o tratamento de fertilização in vitro (FIV) é garantia de gravidez . As taxas de sucesso nesse tratamento são maiores do que em outros como: o coito programado e inseminação intrauterina. Contudo o tratamento não é uma garantia de gravidez. As taxas de sucesso nos tratamentos com fertilização in vitro (FIV) ou injeção espermática intracitoplasmática (ICSI) por idade segundo o Center for Disease Control and Prevention (CDC) americano, está em torno de 45% para as pacientes até 35 anos, 35% até os 38 anos e de 23.5% após os 38 anos. Dessa forma todo casal que busca um especialista de medicina da reprodução, deve realizar vários exames e buscar o melhor tratamento para chegar ao tão esperado sonho.

Endometrioma e Fertilização in Vitro

Hoje vamos falar sobre a relação do endometrioma e os resultados da fertilização in vitro, muitos estudos sobre o assunto já foram feitos e não existe um consenso sobre o tema. As principais questões envolvem a relação que o endometrioma pode causar nas taxas dos tratamentos para engravidar, além disso se o seu tratamento pode aumentar esses resultados. Os endometriomas podem ser tratados através de medicamentos ou cirurgia. Os medicamentos usados para tratar o endometrioma são: Danazol , Mifepristone , anticontraceptivos orais e análogos do GnRH, contudo os estudos demostraram que o uso dessas medicações podem não melhorar os endometriomas em ate 51% dos casos, e ainda não tiveram melhora nos tratamentos para engravidar. Os tratamentos cirúrgicos são realizados por laparoscopia, varias técnicas já foram descritas para o endometrioma. Contudo o tratamento cirúrgico leva ao risco de uma diminuição das respostas ovarianas nos tratamentos de fertilização in vitro, que pode ocorrer por lesões causadas no ovário submetido a cirurgia e assim piores taxas de sucesso. Uma meta-análise de 2015, revisou vários trabalhos que abortaram esse tema. Foram usados 33 estudos para a revisão. Os principais parâmetros avaliados foram: Taxa de Nascidos Vivos, Taxa de gestação clinica, número de óvulos aspirados por ciclo, taxa de implantação. O artigo comparou vários grupos de pacientes: – Pacientes com endometrioma submetidos a fertilização in vitro sem nenhuma intervenção X Pacientes sem nenhum tipo de endometriose submetidos a fertilização in vitro – Pacientes com endometrioma operados por laparoscopia submetidos a fertilização in vitro X Pacientes com endometrioma não operados submetidos a fertilização in vitro – Pacientes com endometrioma operado por laparoscopia com técnica de cistectomia X Pacientes submetidos a aspiração do endometrioma por ultrassonografia. Os Autores concluíram que não houve diferenças estatísticas para os parâmetros avaliados entre os grupos. Dessa forma o endometrioma não deve ser abordado e parece não influenciar nos resultados da fertilização in vitro, contudo mais estudos devem ser realizados para uma melhor definição desses casos.

Contraceptivos de longa duração, tire suas dúvidas!

Contraceptivos de longa duração (LARC-Long-actingreversiblecontraceptive) Em 2015/2016 a ACOG reafirmou a opinião do comitê favorável a utilização de métodos contraceptivos de longa duração para adolescentes/nulíparas. Após um longo estudo (CHOICE) realizado nos EUA com aproximadamente com 9 mil mulheres foi comprovado que os LARC foram 20 vezes mais eficazes na contracepção em relação aos anticoncepcionais orais combinados (pílula) tornando assim seus benefícios maiores do que riscos potenciais oferecidos por estes tipos de contraceptivos. O que são os LARC? São métodos de contracepção de longa duração. Quem pode utiliza-los? Podem ser utilizados tanto por nuligestas (mulheres sem filhos), quanto por múltiparas (mulheres que já tiveram filhos). Atualmente são recomendados inclusive para adolescentes. Existe risco aumentado de infecção intra útero? Após diversos estudos foi comprovado que não aumenta risco de infecções intrauterinas. Quais são as indicações? São diversas as indicações.Desde mulheres que tem dificuldade na lembrança diária do anticoncepcional quanto aquelas que necessitam de tratamento/controle de alguma condição como a dismenorréia, síndrome da tensão pré-menstrual ou adenomiose. Também nos casos de mulheres com trombofilia ou doença cardiovascular que desejam a anticoncepção o DIU de cobre é uma ótima opção. Quais são as contra-indicações? Mulheres com mal-formações uterinas, miomatose uterina(alguns tipos), doença inflamatória pélvica (DIP), câncer de colo uterino, endométrio, ovário e gravidez. Para os LARC que utilizam hormônios não são indicados em mulheres com trombofilia, câncer de mama, doença cardiovascular e doença hepática aguda ou tumor. Qual é o melhor tipo de contraceptivo para mim? É importante conversar com seu ginecologista e esclarecer dúvidas. Fale sobre seu histórico médico e faça a decisão após orientação médica individualizada. TIPOS DE LARCs: Dispositivos intrauterinos (DIUs): Diu de cobre – TCu-380 A / Multiload® SIU-LNG – Mirena® Implantes subdérmicos: Implanon® 1)Tabela comparativa dos LARC Abaixo encontra-se uma pequena tabela com as principais vantagens e desvantagens eficácia e tempo de duração dos métodos contraceptivos de longa duração. TIPO DIU de cobre ( TCu-380A / Multiload® ) SIU-LNG – Mirena® Implante – Implanon® TEMPO DE DURAÇÃO 10 ANOS 5 ANOS 3 ANOS VANTAGENS Baixo custo Tratamento da dismenorréia entre outros Tratamento da dismenorréia entre outros DESVANTAGENS Aumento do volume da menstruação e cólicas Alto custo / spotting Alto custo / spotting TAXA GESTAÇÃO 100 MULHERES ANO 0,8 0,2 0,05 LIBERAÇÃO HORMONAL Sem hormônios 20 μg/dia de levonorgestrel/dia 25 a 70 μg/dia de etonogestrel Fonte bibliográfica: http://www.acog.org/-/media/Practice-Bulletins/Committee-on-Practice-Bulletins—-Gynecology/Public/pb121.pdf?dmc=1&ts=20170320T1433395901 http://www.acog.org/-/media/Committee-Opinions/Committee-on-Gynecologic-Practice/co672.pdf?dmc=1&ts=20170320T1430573554 http://files.bvs.br/upload/S/0100-7254/2015/v43nsuppl1/a4851.pdf http://files.bvs.br/upload/S/0100-7254/2015/v43nsuppl1/a4848.pdf

Duvidas sobre a pílula do dia seguinte ?

As indicações da anticoncepção de emergência são reservadas a situações especiais e excepcionais, com objetivo de prevenir gravidez indesejada após relação que, por alguma razão, foi desprotegida. Apesar da disponibilidade de métodos anticonceptivos, a incidência da gravidez indesejada ainda é muito elevada em todo o mundo, particularmente em países em desenvolvimento, sendo próxima de 50%. Alguns motivos para esse número elevado são o uso inadequado de métodos anticoncepcionais e a falta de acesso ao sistema de saúde. A Organização Mundial da Saúde estima que, mesmo que todas as mulheres utilizassem métodos anticonceptivos de forma correta e regular, ainda ocorreriam cerca de 6 milhões de gestações inesperadas por falha desses métodos. Devemos lembrar também, que as mulheres nem sempre têm relações sexuais voluntárias ou desejadas. A elevada prevalência da violência sexual, a coerção sexual nas relações conjugais e a gravidez forçada são circunstâncias que impedem a livre decisão das mulheres. Estima-se que ocorram, apenas nos EUA, 32 mil gestações por ano decorrente da violência sexual. Seja qual for o motivo, milhões de gestações ocorrem de forma indesejada e não planejada. Cerca de 25% dessas gestações terminará em abortamento, muitas vezes inseguro, levando quase 67 mil mulheres anualmente à morte. Outra parte dessas gestações será levada até o termo, com possibilidade de não aceitação da criança, levando a importantes repercussões individuais, familiares e sociais. A pílula do dia seguinte apresenta grande potencial de prevenir a maior parte dessas gestações, evitando imenso sofrimento humano e reduzindo a necessidade de recorrer ao abortamento inseguro. A forma mais adequada, segundo a Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde, é o uso de progestágeno isolado, o levonorgestrel, em dose única de 1,5mg ou dividida em 2 comprimidos iguais de 0,75mg, a cada 12 horas. O primeiro comprimido deve ser administrado até 5 dias após a relação sexual, sendo mais efetivo nos primeiros 3 dias. Pode-se mensurar a efetividade da anticoncepção de emergência através do índice de Efetividade, que calcula o número de gestações prevenidas por cada relação sexual. Tal método apresenta, em média, Índice de Efetividade de 75%. Significa dizer que ela pode evitar três de cada quatro gestações que ocorreriam após uma relação sexual desprotegida. No entanto, sua eficácia pode variar de forma importante em função do tempo entre a relação sexual e sua administração. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o método apresenta taxas de falha crescente quanto mais distante é administrado da relação sexual. Além disso, é necessário lembrar que o uso repetitivo ou freqüente compromete sua eficácia, que será sempre menor do que aquela obtida com o uso regular do método anticonceptivo de rotina. A pílula só tem ação para a relação sexual precedente. Caso novo coito desprotegido ocorra a mulher não estará prevenida e novamente deve usar a pílula. A repetição da pílula diminui em quase metade a eficácia do método. Portanto, deve ser usado como método de exceção e não de rotina. Os efeitos colaterais mais freqüentes para as mulheres que usam a pílula do dia seguinte são náuseas, em 40 a 50% dos casos, e vômito, em 15 a 20%. Esses efeitos podem ser minimizados com o uso de anti-eméticos cerca de uma hora antes de sua tomada. Cefaléia, dor mamária e vertigens também podem ocorrer, mas cessam nas primeiras 24 após o uso. De modo geral, a pílula é bem tolerada. Uma queixa frequente após o uso da pílula e mudança no ciclo menstrual após seu uso o que frequentemente gera ansiedade e medo de gravidez. A única contra-indicação absoluta para pílula do dia seguinte é a gravidez confirmada. Excetuando-se esta condição, todas as mulheres podem usar o método com segurança, mesmo aquelas que, habitualmente, tenham contra-indicações ao uso de anticoncepcionais hormonais combinados. Bibliografia: ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA PERGUNTAS E RESPOSTAS PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE – Série F. Comunicação e Educação em Saúde Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos – Caderno nº 3 / Ministério da Saúde 2005.

Miomas nas pacientes com infertilidade, qual a conduta atual?

Os miomas são tumores das células musculares é são os tumores ginecológicos mais comuns nas mulheres em idade reprodutiva. São geralmente encontrados em casais que estão em investigação de infertilidade. São relacionados a hormônios sendo a sua relação com estrogênio muito importante. Eles são classificados quanto a localização no útero, podendo ser subseroso (na parte externa do útero) intramural (na parede muscular do útero) ou submucos (na parte interna do útero). O diagnostico pode ser feito pelo exame físico e métodos de imagem. A ultrassonografia e um método adequado, seguro e de baixo custo, podendo evidenciar miomas de ate 4-5mm de diâmetro. Contudo em casos de muitos miomas e profissionais pouco experientes esse exame pode apresentar limitações diagnosticas. A ressonância nuclear magnética e o método de diagnostico com maior sensibilidade 100% e com especificidade de 91%. A relação dos miomas e a infertilidade e muito controversa. A incidência de miomas em mulheres com infertilidade esta em torno de 5% a 10%, contudo em uma nova pesquisa que exclui outras causas de infertilidade, relata que apenas 1% dessas mulheres evidenciaram miomas. Varias hipóteses foram formuladas para relacionar os miomas e a infertilidade. O fluxo sanguíneo alterado em locais com miomas além de processo inflamatório causado pelo mesmo, podem estar relacionados as falhas de implantações de embriões. Além disso o tumor pode alterar os padrões de contrações do musculo uterino (miométrio) tornando a movimentação espermática e do ovulo assim como a migração do embrião deficientes. Entre 2001 e 2010 6 revisões sistemáticas investigando a relação dos miomas e da infertilidade foram realizadas. A conclusão em todas essas revisões, foi uma redução da fertilidade de mulheres com miomas. Os miomas subserosos parecem não ter influencia nas taxas de gravidez, todos os estudos concordam com esse achado. O mioma intramural ainda é um tema controverso, vários trabalhos demostraram que esse tipo de tumor pode ter relação com a infertilidade, contudo devido a variedade de tamanho e quantidade de miomas encontrados podem fazer com que esses trabalhos tenham erros estatísticos. O mioma submucoso e o tipo de lesão que existe maior relação com a infertilidade. Dessa forma cada paciente deve ser individualizada quando portadora de miomas intramural para seu tratamento é todos os miomas submucosos devem ser abordados por umas das técnicas de tratamento disponíveis que será discutido em outro post em breve Fonte: J Obst Gynaecol Can 2016;37(3)277-285

Preservação da Fertilidade Feminina Quando Está Indicada?

As principais indicações para preservação da fertilidade feminina encontram-se, principalmente, em mulheres que serão submetidas a algum tratamento de câncer que possa afetar a fertilidade (radiação, quimiterapia), e mulheres que tenham indicação de cirurgias pélvicas radicais (ooforectomia), mas também ,pode ser indicada mulheres que desejam adiar a maternidade por motivos pessoais. Com a evolução das técnicas de reprodução assistida e de criopreservação, tornou-se viável o armazenamento de oócitos (óvulos), embriões ou tecido ovariano de forma segura e sem causar prejuízo a este material por um longo tempo. NO ADIAMENTO DA MATERNIDADE: É cada vez mais comum mulheres com desejo de adiamento da maternidade seja por motivos profissionais ou pela falta de um parceiro. A idade é um fator crucial na fertilidade feminina. O auge da fertilidade feminina é em torno dos 20 anos, quando geralmente a mulher ainda não está bem estabelecida no mercado de trabalho. Após 35 anos ocorre uma queda drástica na fertilidade feminina, o que pode gerar tanto dificuldade ou impossibilidade de concepção, como também aumentam o risco de abortamentos ( principalmente em decorrência de problemas genéticos). Por isso se a mulher já possui 35 anos e deseja ter filhos, mas não há possibilidade de isto ocorrer em um futuro próximo, o aconselhado é a preservação da fertilidade seja por meio da criopreservação de oócitos (mulheres sem parceiro) ou da criopreservação de embriões ( mulheres com parceiros). NO TRATAMENTO ONCOLÓGICO: Ao contrário do que muitos pensam é possível fazer estimulação ovariana rapidamente (qualquer fase do ciclo menstrual) e de forma segura para coleta de oócitos sem protelar início do tratamento oncológico, não afetando o prognóstico da doença. Nestes casos poderão ser criopreservados embriões ( se paciente já possui parceiro ) ou oócitos (óvulos) nos casos sem parceiro. Nos casos de pré-puberes está indicada a criopreservação de tecido ovariano. ( técnica muito recente ainda, ainda em fase de estudos). EM CASOS DE CIRURGIAS PÉLVICAS RADICAIS (endometriose, retirada dos ovários): Algumas cirurgias pélvicas podem reduzir a reserva ovariana e neste caso pode ser aconselhável a preservação da fertilidade por umas das técnicas descritas anteriormente. COMO O TRATAMENTO É FEITO? No caso de criopreservaçãoo de oócitos (óvulos) ou de embriões a estimulação ovariana é feita da mesma forma. A mulher faz uso de uma medicação injetável diariamente por aproximadamente 10 dias. Concomitantemente é realizada ultrassonografia para acompanhamento do crescimento folicular. Quando prontos para serem coletados, a mulher é submetida a punção por via transvaginal e sob sedação. Se o intuito é armazenar embriões, é realizada a fertilização in vitro, no laboratório, para seu armazenamento. Se o intuito é criopreservação de oócitos é realizada o processo de vitrificação nos oócitos maduros. Não há prazo para utilização deste material e eles conservam a idade em que foram congelados. Já na criopreservação de tecido ovariano, a técnica utiliza a videolaparoscopia ou cirurgia aberta, para remoção deste tecido e posteriormente vitrificação em laboratório. EXPECTATIVAS: É importante lembrar que a criopreservação de embriões, óvulos ou tecido ovariano não é garantia de gestação, mas para alguns pacientes é a única chance de uma gravidez futura. Ressaltando que quanto mais precoce o congelamento dos oócitos (óvulos) e quanto maior a quantidade, maiores são as chances. Veja a tabela abaixo: